Turismo e Gastronomia em Destaque nas Tertúlias da MAERA

A MAERA abriu o mês de junho com a Tertúlia “Turismo e Gastronomia em Tempos de Pandemia: Estratégias e Ações”.

O evento aconteceu no dia 3 de junho, por videoconferência, e foi moderado por João Abreu, fundador e atual Diretor Geral da Academia das Emoções.

João Abreu inicia a Tertúlia

Intervieram:  Carlos Costa – Professor Catedrático e Diretor do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) da Universidade de Aveiro; Adalberto Dias de Carvalho – Professor Coordenador Principal, Diretor e Presidente do Conselho Técnico-Científico do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do (ISCET); e Agostinho Peixoto – Presidente da Associação de Profissionais de Turismo de Portugal e fundador da Espumanteria Portuguesa.

Ao longo de quase duas horas, apontaram-se estratégias e ações que permitiram mostrar que o turismo não é uma moda, mas sim um veículo da interculturalidade, um agente promotor da paz, como realçou Adalberto Dias de Carvalho, a abrir a sua intervenção. Entre as diferentes partilhas, Adalberto Dias de Carvalho expôs, ainda, que, se o turismo virtual teve e terá uma ascensão, não será, todavia, uma situação capaz de absorver por completo o setor do turismo. As pessoas nutrem o desejo de viajar, pelo que assistiremos ao renascer do conceito de realizar uma viagem quase como por oposição ao fazer turismo; decrescerá a procura de um avião que nos transportaria a um destino, e o carro ou autocaravana surgirão como os veículos de excelência na fruição, na valorização de um percurso que mais não é do que, por exemplo, saborear a gastronomia que esse mesmo trajeto ofereça. E neste contexto entraria a própria população que acolheria e proporcionaria essa procura. Será, pois, e assim terminaria Adalberto Dias de Carvalho, um turismo em busca do outro, da recetividade no acolher o outro, e de toda uma envolvência cultural.

Adalberto Dias de Carvalho

Atendendo ao contexto que se vive, as estratégias e ações têm de passar por um posicionamento que promova os usos, tradições e costumes portugueses, particularmente no que toca à gastronomia e vinhos, duas áreas muitos especiais para Agostinho Peixoto. E se é pertinente continuar a apostar na gastronomia contemporânea, não será menos relevante a gastronomia portuguesa, até por uma sua caraterística singular: não é internacionalizável. Agostinho Peixoto sublinhou, ainda, a pertinência de se trabalhar o interior de Portugal, por se apresentar como possível motor do turismo no contexto em que se vive; contexto esse que se conseguirá recuperar, pois Portugal é um dos melhores destinos do mundo. Está tudo em que todos se adequem de forma muito rápida e eficaz: a prova será o renascer dos fins de semana gastronómicos, como revelou Agostinho Peixoto.

Agostinho Peixoto

E se é certo que não há nada que cresça como o turismo, também não será menos certo que esta época está perdida. Uma das conclusões a retirar das palavras de Carlos Costa. Mas não será o fim, pois é preciso não esquecer que há pessoas que querem gastar dinheiro com turismo e serão elas a segurar o setor. Até porque parece estar a acontecer o brotar de um novo paradigma; paradigma esse que despede o conceito de massas. Buscar-se-ão ofertas que espelhem segurança, cadeias de produção que vão fazer emergir as economias de base local e, por fim, a inovação, em que os diferentes intervenientes e atores dos setores envolvidos vão ter de cruzar sinergias. E aqui o marketing terá uma palavra a dizer, pois ter-se-á de redirecionar o foco que até agora era colocado apenas no conceito imagem, para passar a integrar conceções como segurança. Ideias realçadas por Carlos Costa.

Carlos Costa

Ficou assim evidente que as estratégias e ações a desenvolver devem ter em mente que turismo e gastronomia vivem das pessoas, com pessoas e pelas pessoas, pelo que, nunca como hoje, fez tanto sentido o slogan partilhado por um dos participantes “o que é nacional é bom!”